Amanhã poderia escolher

Amanhã poderei escolher...
Se vivo ou morro.
Se vou ou fico.
Se aceito ou rebelo.
Se calo ou grito.
Se sou ou estou.
Se olho ou cego.
Se abro ou fecho.
Se esquento ou esfrio.
Se visto ou desnudo.
Se dou ou nego.
Se entro ou saio.
Se movo ou paro.
Se pego ou largo.
Se luto ou desisto!
Se solto a mão ou aperto o gatilho.

Possibilidades

Eu posso dormir na cama, ouvir música, chegar em casa, me esconder das pessoas, beber, ir ao teatro, me apaixonar, sair, chorar sozinha, brigar com a minha mãe, me desculpar logo em seguida, cantar no chuveiro, ler no onibus, comer fora, me amar sozinha, ir na biblioteca, pagar a conta, escrever poesia, odiar certas coisas, me indgnar com outras, olhar com cara de desprezo, ir dançar, pegar carona, cultivar um jardim, cozinhar arroz, ser hostil, ignorar as ordens, pular o muro, ficar no escuro, cavar um tunel, decidir sobre o meu dia, acordar tarde, ser amável, não fazer nada, escolher as cores, sentir os gostos, respirar profundo, ir bem fundo, rir pro mundo. Posso até, estar viva, se eu quiser... Apenas para eu não me esquecer que ainda posso decidir.

Há superação para o machismo?

Sim! Nós podemos alterar qualquer coisa que avilta a dignidade! Outro dia no debate a coisa mais importante não foram as falas ou argumentações, mas a disposição das mulheres falarem e dos homens presentes ouvirem!

Assumir que há um mal estar quanto ao que algumas mulheres sentem, vivenciam e combatem é fundamental. Em relação aos homens e mulheres que não se inquietam com nada disso, devemos continuar a colocar nossas ideias pra que não recuar no entendimento que a sociedade é feita por ambos e ninguém deve estar menor em respeito e direitos.


Somos todos responsáveis por nossa reeducação contra as tiranias, sejam elas quais forem.

Os espaços de debate e de diálogo devem ser sempre criados para que sejamos capazes de ouvir e buscar elementos para analisar em que nosso comportamento é oposto ao que acreditamos o ser humano merecer.

Muitos de nós, homens e mulheres, reforçamos nossas tiranias contra o outrem. Todos e todas devemos entender que há tiranias de mutua parte, que se manifestam de modo diferente e nas duas pontas devem ser analisadas e combatidas.

Há uma economia de afetuosidades ou falsas expectativas que de algum modo exigem dos homens serem provedores e as mulheres as acolhedoras! Nos dois casos os limiares de tirania caminham juntos criando imagens inúteis para nosso convívio!

Se não fosse a posição de algumas mulheres e de alguns homens para nos avisar de nossa brutalidade não haveria lugar para nenhuma das mulheres nessa sociedade que não fosse servir aos homens.

Não ser macho é não reforçar a ideia de que mulher é caça e produto servil de nossos desejos!

Não ser macho é evitar ser gentil por interesse! Devemos sempre e para com todas as pessoas ser gentis porque assim nos ajudamos a viver melhor e menos isolados e isoladas!

Ser capaz de ouvir e ter o direito de ser avisado que estás praticando tiranias!

Muitas vezes alimentar e cultivar a suposta incapacidade e fragilidade física das mulheres não é ser cavalheiro, mas reforçar uma mentira e produzir um tipo de tirania travestida de gentileza!

As atrações mútuas amorosas podem nos cegar e evidenciar coisas animalescas, mas elas não podem suprimir por muito tempo o amor próprio e a condição de auto determinação!

As mulheres e homens devemos assumir todas as funções de lazer, trabalho e convívio que não nos faça distantes em nenhum nível da condição humana! Todos e todas temos papeis fundamentais para nosso conforto e desenvolvimento de nossas vidas! Não a função masculina ou feminina e se persistem, devemos dissipá-las com comportamentos opostos!

Nossos filhos e filhas e demais pessoas devem apenas saber que há funções para nossa vida e que delas nos ocupamos para melhor viver! Impelir uma função a alguém é reforçar tiranias!

(Texto escrito por um grande camarada, sempre disposto!)

Antonio Sobreira